Suíça atrai startups brasileiras ao combinar ciência, inovação e sustentabilidade em programas de cooperação internacional
A Suíça vem se consolidando como um dos principais destinos para startups brasileiras que buscam internacionalização com propósito. Com uma infraestrutura robusta em ciência, tecnologia e inovação, o país europeu oferece um ambiente estável, altamente conectado e comprometido com práticas sustentáveis.
Um dos grandes responsáveis por essa ponte entre Brasil e Suíça é a Swissnex, rede global vinculada ao governo suíço, presente no Brasil desde 2014. Atuando como um elo entre empreendedores, universidades e centros de pesquisa, a Swissnex promove parcerias estratégicas nas áreas de educação, ciência aplicada e empreendedorismo.
De acordo com Vincent Neumann, diretor de projetos da Swissnex Brasil, o diferencial do ecossistema suíço está na capacidade de transformar conhecimento acadêmico em negócios de impacto. “A colaboração entre indústria, universidades e governo é muito forte. Por isso, muitas deep techs nascem dentro das universidades e ganham escala rapidamente”, afirma.
O cenário é favorável: cerca de 20% dos fundadores de startups suíças têm mestrado ou doutorado, e mais de 25% atuam com foco em ESG (ambiental, social e governança). A diversidade também é marca registrada. Com quatro línguas oficiais e cultura internacionalizada, a Suíça abriga startups com cofundadores de diferentes nacionalidades, incluindo um número crescente de brasileiros.
Conexão Brasil–Suíça: programas e oportunidades
No Brasil, a Swissnex opera com sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo, promovendo eventos, missões internacionais e programas de capacitação. Entre os destaques está o Academy Industry Training (AIT), que apoia pesquisadores brasileiros a levar ciência de ponta para o mercado. Já o nexBio Amazônia conecta startups dos dois países para desenvolver soluções sustentáveis na bioeconomia da floresta. Outro exemplo é o Pantanal Science Camp, que proporciona uma imersão científica bilateral entre pesquisadores.
Além do suporte técnico, a Swissnex também atua como mediadora cultural. “As formas de fazer negócios no Brasil e na Suíça são bastante diferentes. Nosso papel é ajudar os dois lados a se entenderem”, explica Neumann. Para isso, treinamentos ajudam os suíços a navegar a burocracia brasileira, enquanto brasileiros recebem orientação para se posicionar com competitividade no mercado europeu.
Internacionalização e desafios em comum
Na Suíça, escalar globalmente é uma necessidade, o mercado interno é pequeno. No Brasil, apesar de um mercado doméstico forte, a internacionalização ainda é vista como um diferencial estratégico. “Existe um desafio de percepção. As startups brasileiras têm alto potencial global, mas nem sempre se reconhecem nesse cenário”, observa Isabela Temístocles, gerente de startups da Swissnex Brasil.
Com a COP30 se aproximando, a Swissnex planeja expandir sua atuação, promovendo iniciativas voltadas à inovação climática e preservação da biodiversidade. Estão previstos também programas de soft landing para startups suíças no Brasil e projetos focados em soluções para infraestrutura.
Apesar dos avanços, o acesso a investimento ainda é um obstáculo. “A captação de recursos é um gargalo tanto no Brasil quanto na Suíça. Essa é uma frente que ainda precisa evoluir”, destaca Vincent.Unindo ciência, mercado e sustentabilidade, a Swissnex segue fortalecendo a colaboração entre os dois países, e abrindo novos caminhos para uma inovação com impacto global.